Inverno. Noite. Um homem em cima de uma mesa de um restaurante piano-bar. Veste um casaco comprido.
HOMEM:
Ouvem-me bem? Toda a gente está a ouvir-me bem?
Hoje não há música.
Hoje não há espectáculo.
Acabou-se.
A música.
O espectáculo.
O mundo.
Talvez fosse bom que tudo continuasse na mesma.
Mas não é possível.
Agora já não é possível.
Nem é possível começar tudo de novo.
Para tudo na vida… para tudo o que acontece a cada um de nós na vida, há uma linha que separa o que não se deve fazer daquilo que deve ser feito. Umas vezes sabemos se é certo continuarmos no lado em que estamos ou passar a linha para o outro lado. De outras vezes não sabemos, ou hesitamos muito e acabamos por escolher ficar onde estamos. Pode ser que seja o lado certo da linha. Pode ser que não.
De uma coisa havemos de ter a certeza: mais cedo ou mais tarde saberemos qual o lado certo. E o errado.
Ou talvez não.
Talvez às vezes não seja possível saber.
Como hoje.
Despe o casaco. À volta da cintura tem um cinto de explosivos. Agarra um detonador.
(…)
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